segunda-feira, 25 de abril de 2016

1985

Lembro aquele sabado depois do almoço
primeiro tenho que lembrar da sexta
eu e o Dirceu no video bar
de cara eu vi a menina que queria
nos braços de outro cara
mais velho e com uma moto maneira
fiquei puto
bebi o vinho e depois comprei mais na adega da rua brasil
deu um cheque e alguns malandros ficaram pensando em me roubar
tinha cara de cuzão
mas era esperto e meio delinquente bancário por ocasião
então no sábado acordei puto
minha mãe perguntou se eu queria ir na festa junina da escola onde ela trabalhava no \Nilão
eu disse não
fiz uma mochila e fui pro trevo de Cambé pegar carona
cheguei em Marília tipo ja escurecendo
foram 2 caronas e um buss ate chegar em Marília
a primeira foi uma charrete ate o trevo que vai dar em primeiro de maio
depois parou um caminhãozinho carregado com ossos de boi (cheiro terrível)
me deixou na entrada de Assis, fiquei la esperando outra carona
começou a dar 17 horas e fiquei com medo de escurecer
segurei meu crucifixo no peito e pedi a Deus uma carona
ele ouviu e parou um ônibus, perguntei se ia pra Marilia
o motorista apontou o letreiro: e estava escrito Marilia
entrei paguei e cheguei na casa da Tia Maureen
la eu era um filho querido e eles uma familia que nunca mais saiu da minha vida
o Kim ja chegou dizendo sobre a nova boate, mas que antes ia me levar no companhia
um barzinho de malucos que eu adorava ir
lembro do flor roxa e dos maconheiros que me chamavam para tocar na banda
a bbanda do Deci-
e eu achando que tinha que arrumar um emprego
gastava tudo meu dinheiro sempre foi como esterco eu nunca tratei dele com carinho
mas lembro das coisas que pensava no trevo enquanto esperava a carona
pensava se ia ter barba, pois ja estava com quase 18 anos e algumas pessoas perguntavam
se eu tinha 15, ficava puto e queria ser de outro jeito
queria ser mais alto ter barba
tocar violão
mas não
tinha aquela carinha de alguem que tem medo
mas não tinha
ja tinha enfrentado um monstro gigante
que abusou ...que me tratou igual criança rasgando biblias na estante
eu não chamei ninguém e enfrentei esse monstro sozinho
calado e ate agora to calado e agora é tarde pra contar pra alguém
meu pai ja esta no velho oeste do rio Tibagi, e minha mãe cada vez
mais italiana cuidando de mim,
Agora eu penso em cuidar deles
em ser mais legal
mas a estrada anda mandando emails pra mim
gritando para eu ir reto e passar o trevo de Marilia
chegar na capital
tocar folk com a Brunex
mascar chicletes e montar outro coyote valvulado
porque agora depois de tantos anos so me resta um pavil a meter fogo
deve explodir e levar comigo um monte de gente
bora }SP to chegando

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